segunda-feira, 23 de abril de 2012

Einstein e a Disciplina Positiva!



“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma!”
Albert Einstein

É Domingo e os corredores do centro comercial estão à pinha. As famílias passeiam pelas lojas na expectativa que alguma aquisição lhes recheie a satisfação ou colmate a necessidade, ou tão só e simplesmente, porque precisavam de sair de casa, pelo menos, para distrair.

Ao fundo numa loja, mãe e pai fixam o olhar na criança que teima em não querer vir embora. A mãe avança em tom firme:- Já te avisei! Queres apanhar?
O pai confirma a atitude assumindo a mesma postura de comando!
A criança levanta-se chorosa e joga-se às pernas da mãe, porque certamente já sabe ‘o que lhe acontece' se desobedecer às suas ordens. Imediatamente, a mãe tira dali os bracinhos, empurrando-os para a frente e repete em voz alta: - Toca a andar! Não estou para aturar má-criações. Ok?

No outro canto, outra criança desarruma as prateleiras por onde passa, enquanto os pais, de uma forma algo cínica porém simpática e silenciosa, prometem presentear a sua saída da loja.

Ao lado, uma mãe imediatamente dá uma 'palmadita' no rabo da sua filha com pouco mais de 1 ano de idade, assim que esta atira inocentemente os livros disponíveis para o chão, e segue com ar zangado: - Não! Não! E não!...

Em 3 minutos, assistimos a 3 acções destruidoras de autoconfiança e de respeito mútuo:
- Como confiar em quem se impõe pela força, pela chantagem, pelo medo, pela falta de resposta digna e sensata, que as leve à melhor conduta?
- Porquê que as crianças nos devem 'obediência'? Não serão as crianças também pessoas livres?
- Como respeitar quem não considera os nossos motivos em relação a determinado acontecimento?
- Deverão respeito a quem as inferioriza ou minimiza?

Em 3 minutos, assistimos a uma das causas fundamentais de violência na sociedade. A violência doméstica assume aqui os seus primórdios, as suas mais ténues nuances, as réstias de um passado castigador que teima em não largar...

“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”
Ibidem.

A palmada é ilegal... porém continua a ser incoerentemente consensual!

Ainda muitos adultos que tendo 'crença' na sua eficácia - devida à quebra instantânea do mau comportamento e libertação das suas próprias tensões - não ponderam sobre as suas consequências negativas mais abstractas e tendem a permanecer na dúvida ou sem justificação quanto à incongruência das suas convicções sobre a não- violência quando externa a este assunto, dito erradamente, como privado ou familiar.

Esta intromissão de terceiros é, numa primeira abordagem, convictamente repugnada, e constantemente censurada por esta homogeneidade de comportamento socialmente aceite e hereditariamente intrínseco na generalidade das famílias portuguesas.

Facto que demonstra que ainda existe muita violência gratuita por todo o lado.

Em analogia, reflectimos e percebemos que a violência doméstica entre o casal, é sustentada sobre os mesmos parâmetros e os mesmos fundamentos.

E se pensarmos melhor,  temas como o Bullying, eram igualmente desvalorizados e ignorados há bem pouco tempo atrás.

Contudo continuamos a ouvir muito: - “São crianças. São cruéis.”

... serão?
Porque não se inibem de dizer a verdade, serão mesmo?

Cruéis por afirmarem um qualquer facto? Ou tornam-se ingenuamente cruéis, por falta de conduta de princípios morais, por incentivo ou mesmo, por isenção na desmistificação de preconceitos, vindos de nós, adultos?

Quão natural era ser educado a discriminar o outro pela sua cor e quão contraditório era vestir a sua pele?
Actualmente, custa a crer que este comportamento era seguido por uma boa parte da nossa sociedade. Hoje, o racismo é apontado como motivo de exclusão e os que não abdicaram dos seus ensinamentos tendem a desvanecer entre gerações!

E mais progressos se avizinham!

Outro conceito revolucionário é o 'Rankism'.

Idealizado e desenvolvido por Robert Fuller e ainda pouco mediatizado por ser muito recente (2003), designa-se como “o comportamento abusivo, discriminatório, ou de exploração em relação às pessoas, motivado por um cargo ou uma hierarquia em especial".

Engloba noções como o sexismo, racismo, abuso de poder, assédio sexual, xenofobia, elitismo, ou qualquer acção repressora de um forte sobre um fraco, e vem separar a linha entre o poder hierárquico meritório e o abusivo, que é muito ténue, mas facilmente inteligível quando se denota qualquer tipo de humilhação induzida por um terceiro.

Em suma, o combate ao 'Rankism' é a derradeira luta pela dignidade humana e que dita que o respeito deve ser mútuo e não imposto. 

Ao longo da vida em sociedade, o Homem conseguiu evoluir positivamente, arriscando na unificação do pensamento e renunciando motivos supérfluos como diferenças de cor, de sexo, de religião, e no nosso caso em especifico, de geração. 

A disciplina positiva educa a criança nesta base de igualdade de direitos, sem distinção geracional. 

Somos tão espontaneamente aptos às mudanças tecnológicas, à aceitação de novos conceitos de vida, mas ainda não nos inteiramos da forma como as nossas crianças são inconsequentemente fragilizadas no decurso do seu crescimento e formação de carácter.

As crianças são ainda vistas como pseudo-pessoas, com voz inativa, abafada, ignorada, sem opinião... Como também um dia foram as mulheres, como também um dia foram as pessoas de cor, como também um dia foi todo um povo nas mãos do absolutismo monárquico e eclesiástico...

A mudança de paradigma leva o seu tempo... Mas acontece!

Já dizia Einstein...

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”


Jenny da Silva.

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