É crucial, ao longo do processo moroso de educar, consciencializarmo-nos e perguntarmo-nos frequentemente: "Será que estou a ser motivador para com a criança?"; "Estou a dar-lhe ferramentas pessoais e sociais, para que possa respeitar o próximo e cooperar nas tarefas diárias, dentro e fora do núcleo familiar?"
Não há dúvidas que é bem mais fácil quando todos estão dispostos a cooperar. Há maior produtividade em qualquer trabalho de equipa quando não há hostilidade e pessoas isoladas (mesmo estando em grupo) em prol do mesmo objetivo.
A família, enquanto agente de socialização primário, deve assumir uma postura assertiva e correta na transmissão de exemplos reais de cooperação. Deve salientar também os dois lados paralelos (citar uma situação na qual contou com a colaboração de outrém e, paralelamente, dar-lhe o mesmo exemplo sem a colaboração) e permitir que a criança percecione e expresse de qual das duas situações é a mais respeitosa para as partes envolvidas.
Para ganhar a cooperação, experimente ser gentil e carinhoso. Envolva a criança com palavras amáveis e não tenha receio em dizer o que sente: "Gosto quando colaboras. Sei que posso contar contigo, filho!".
Por exemplo: se uma criança entornar o leite em cima da mesa, uma consequência lógica seria limpar. Esse tipo de situações acontecem a qualquer um e não viabilize nem opte pelos sermões e castigos. Crie, atempadamente, um compromisso de cooperação com a criança e questione-a, gentilmente, acerca do que precisa fazer sobre o leite entornado, para que a cozinha volte a estar limpa e arrumada.
Não tente conquistar a cooperação da criança sob um clima de repressão e de hostilidade. Palavras agressivas, tais como: "Entornaste o leite! És tão desajeitado. Limpa imediatamente!", são inibidoras do respeito e da vontade de querer fazer mais e melhor. É incrível, como muitos adultos julgam influenciar positivamente a criança após terem criado um ambiente de hostilidade em vez de proximidade e confiança.
Tome nota dos 4 passos para ganhar a cooperação e guarde-os como lembrete:
1. Valide os sentimentos da criança e demonstre compreensão;
2. Não julgue nem dê sermões. Mostre empatia. Empatia não é sinónimo de concordar ou tolerar tudo. É mostrar que compreende a perceção e o ponto de vista da criança. Partilhe momentos em que você se sentiu ou se comportou de forma semelhante.
3. Partilhe os seus sentimentos com abertura, assim como os seus pontos de vista e, sobretudo, adote atitudes amigáveis. Crie conexão para que a criança se sinta preparada para o ouvir.
4. Convide a criança a pensar em soluções. Questione se a criança tem uma solução para resolver/evitar o problema futuramente, e se não tiver, ofereça algumas sugestões. Faça uma lista com as soluções encontradas e opte pela mais útil para ambos.
Nunca desista de ganhar a cooperação.
Filipa Silva