quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Obedecer à força ou obedecer livremente?


Obediência (do latim oboedire = escutar com atenção, de OB, “a”, + AUDIRE, “escutar”)















Leis, regras, normas, limites. Todo o ser desde que nasce, obedece. Pela necessidade de sobreviver no meio, de coabitar com o outro.
Importa-nos saber, como educadores, que tipo de obediência queremos ensinar às nossas crianças.
Obrigá-las a serem obedientes poderá afectar em larga medida, o grau de independência que irão possuir no futuro. É, por isso, importante que nos concentremos nos resultados a longo prazo para que o seu cumprimento seja eficaz e produtivo.

Resignação ou convicção?

Treinar uma criança a seguir ordens sem uma razão compreensível, só porque nós mandamos, pode ser uma verdadeira ameaça à sua orientação ao longo do seu percurso de vida. Como consequência deste comportamento submisso – primeiro à família, depois à sua sorte, uma vez incluídas no meio social externo – o seu filho(a) pode ser levado a aceitar influências, negativas ou favoráveis, mas de modo coercivo e irresponsável. Alguns poderão até dar mau uso às suas capacidades de liderança para se tornarem rebeldes.

Os pais que aplicam a obediência de modo prepotente, estão constantemente a fomentar-lhes as lutas de poder que tanto desejam evitar.
Esta sujeição, como imposição autoritária, necessária para a sobrevivência em sociedade no passado, é hoje um obstáculo à emancipação autónoma e criativa que os novos tempos exigem.

A resposta está em demonstrar a cooperação, a resolução de problemas e o respeito por si próprias e pelos outros.

Quando os pais usam os castigos ou recompensam, porque só assim serão atendidos, podem estar a indicar às crianças, que precisam de ser obedientes somente quando estão presentes. Assim, a percepção do bom ou mau comportamento passa a ser da responsabilidade exclusiva dos ‘adultos’.

É um engano crer que a medida foi bem acatada apenas pela interrupção do mau comportamento. Normalmente o que as crianças estão a decidir no momento em que são castigadas pode refletir-se nas seguintes atitudes:
- Ressentimento: ‘É injusto! Não posso confiar nos adultos! ‘
- Vingança: ‘Eles ganharam agora, mas depois vingo-me! ‘
- Rebeldia: ‘Farei exatamente o contrário porque não tenho que fazer o que me mandam. ‘
- Artimanha: ‘Da próxima vez não me apanham. ‘
- Baixa auto-estima: ‘ Eu sou uma péssima pessoa e não sei fazer nada sozinho. A menos que faça o que me dizem, nunca me darão valor. ‘

Como pais, mais do que ‘fiscalizar’ os nossos filhos, é nosso dever ajudá-los a lidar com as diferentes situações que poderão encontrar no mundo cá fora.
Não exigir obediência cega não é o mesmo que ser permissivo.
Ensine como os comportamentos apropriados e atenciosos poderão ser benéficos para os seus próprios interesses.

Existem alturas em que podemos chegar a conclusões em conjunto, outras em que a acção é mais importante que a discussão.
Por isso, se o seu filho começar a correr no meio da rua, agarre-o pela mão e diga que só o largará quando estiver preparado para andar ao seu lado. Caso recorra ao mau comportamento, desta vez, pare e diga que só prossegue quando estiver convencido de que se comportará convenientemente e em segurança. Faça-o entender que a condição será cada vez mais firme quanto pior a atitude, e cada vez mais generoso quanto melhor apreender a necessidade de seguir a regra.

Porque precisamos todos de regras e limites… mas também, de entendê-las para podermos ter ‘livre arbítrio’ perante o que nos é imposto, e para conseguirmos viver felizes e integrados em comunidade.

Jenny da Silva

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