
Leis, regras, normas, limites. Todo o ser desde que nasce, obedece. Pela necessidade de sobreviver no meio, de coabitar com o outro.
Importa-nos saber, como
educadores, que tipo de obediência queremos ensinar às nossas crianças.
Obrigá-las a serem obedientes
poderá afectar em larga medida, o grau de independência que irão possuir no
futuro. É, por isso, importante que nos concentremos nos resultados a longo
prazo para que o seu cumprimento seja eficaz e produtivo.
Resignação ou convicção?
Treinar uma criança a seguir
ordens sem uma razão compreensível, só porque nós mandamos, pode ser uma
verdadeira ameaça à sua orientação ao longo do seu percurso de vida. Como consequência
deste comportamento submisso – primeiro à família, depois à sua sorte, uma vez incluídas
no meio social externo – o seu filho(a) pode ser levado a aceitar influências, negativas
ou favoráveis, mas de modo coercivo e irresponsável. Alguns poderão até dar mau
uso às suas capacidades de liderança para se tornarem rebeldes.
Os pais que aplicam a obediência de
modo prepotente, estão constantemente a fomentar-lhes as lutas de poder que
tanto desejam evitar.
Esta sujeição, como imposição
autoritária, necessária para a sobrevivência em sociedade no passado, é hoje um
obstáculo à emancipação autónoma e criativa que os novos tempos exigem.
A resposta está em demonstrar a
cooperação, a resolução de problemas e o respeito por si próprias e pelos
outros.
Quando os pais usam os castigos
ou recompensam, porque só assim serão atendidos, podem estar a indicar às
crianças, que precisam de ser obedientes somente quando estão presentes. Assim,
a percepção do bom ou mau comportamento passa a ser da responsabilidade
exclusiva dos ‘adultos’.
É um engano crer que a medida foi
bem acatada apenas pela interrupção do mau comportamento. Normalmente o que as
crianças estão a decidir no momento em que são castigadas pode refletir-se nas
seguintes atitudes:
- Ressentimento: ‘É
injusto! Não posso confiar nos adultos! ‘
- Vingança: ‘Eles ganharam
agora, mas depois vingo-me! ‘
- Rebeldia: ‘Farei exatamente
o contrário porque não tenho que fazer o que me mandam. ‘
- Artimanha: ‘Da próxima
vez não me apanham. ‘
- Baixa auto-estima: ‘ Eu
sou uma péssima pessoa e não sei fazer nada sozinho. A menos que faça o que me
dizem, nunca me darão valor. ‘
Como pais, mais do que ‘fiscalizar’
os nossos filhos, é nosso dever ajudá-los a lidar com as diferentes situações
que poderão encontrar no mundo cá fora.
Não exigir obediência cega não é
o mesmo que ser permissivo.
Ensine como os comportamentos
apropriados e atenciosos poderão ser benéficos para os seus próprios interesses.
Existem alturas em que podemos
chegar a conclusões em conjunto, outras em que a acção é mais importante que a
discussão.
Por isso, se o seu filho começar
a correr no meio da rua, agarre-o pela mão e diga que só o largará quando
estiver preparado para andar ao seu lado. Caso recorra ao mau comportamento,
desta vez, pare e diga que só prossegue quando estiver convencido de que se
comportará convenientemente e em segurança. Faça-o entender que a condição será
cada vez mais firme quanto pior a atitude, e cada vez mais generoso quanto
melhor apreender a necessidade de seguir a regra.
Porque precisamos todos de regras
e limites… mas também, de entendê-las para podermos ter ‘livre arbítrio’ perante
o que nos é imposto, e para conseguirmos viver felizes e integrados em
comunidade.
Jenny da Silva
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