Como pais/educadores, todos temos
dúvidas de como compreender os nossos filhos/educandos, o seu comportamento, em
particular, o que nos leva muitas vezes a adotar métodos disciplinares que a
longo prazo tornam-se ineficazes e pouco produtivos.
Interessa-nos então perceber um
pouco do comportamento humano em geral, pois enquanto adultos, temos tendência
a educar com base na nossa capacidade de controlo, isto é, somos o elo mais
forte (supostamente) e atuamos através da punição quando as crianças não fazem
aquilo que é esperado (por nós), levando a que estas cresçam com uma auto-estima
e valorização pessoal reduzidas.
Numa parentalidade positiva
atuamos de forma a “ganhar” as crianças e não às crianças….Já diz o ditado, se
não podes com eles junta-te a eles (não deixa de ter um fundo de verdade).
Podemos e devemos trazê-las para o nosso lado de uma forma construtiva, respeitosa
e digna (aliás, como com qualquer ser humano ou até animal).
Quando estabelecemos padrões
educativos baseados na sobreposição de força, seja ela física ou psicológica,
transmitimos e fazemos sentir nos mais pequenos uma sensação de fracasso, pois
sabem que não podem competir connosco, que é uma batalha sempre ganha por nós,
o que gera e gerará ao longo da sua infância e até vida adulta um comportamento
de passividade e/ou rebeldia aliados a uma auto-estima baixa e sentimentos de
desvalorização.
Mas, hoje em dia falamos tanto de
auto-estima e auto valorização, mas o que são realmente?
Muitas vezes caímos no erro (ou
ilusão) de que podemos “dar” auto-estima às nossas crianças e até a nós
próprios, criando jogos com estrelinhas de mérito, autocolantes, o que até são
técnicas inofensivas e divertidas, mas que em pouco as ajudam a criar e
construir a sua auto-estima, correndo o risco que os nossos filhos a façam depender
desses mesmos jogos, da avaliação do que os outros e como consequência dos atos e opiniões alheias em vez dos próprios. Podem assim tornar-se seres passivos
que vivem para agradar aos outros, pois são estes são o barómetro do seu bem-estar,
em vez de serem elas próprias a construir e a decidir a sua forma de estar, os
seus sentimentos de amor e valor próprio positivos… Faz-vos sentido?
Devemos às nossas crianças nada
menos do que um ensinamento de como serem avaliadoras delas próprias em vez de
dependerem das avaliações/opiniões exteriores. E como fazer tal coisa?
Deixando-as errar, isso mesmo, os
erros são belas oportunidades de aprendizagem, pois as crianças (apesar do que
muitos pensam) têm a capacidade de pensar por elas próprias e chegar a soluções
quando deparadas com problemas. Ao darmos esta oportunidade e a possibilidade
de encontrar uma solução, demonstramos que sim, elas podem e conseguem ser
resilientes quando deparadas com adversidades que sentem e sentirão ao longo
das suas vidas e desenvolvimento. Elas precisam de pensar pelas suas próprias
cabeças, experienciarem um sentimento de pertença, que fazem parte e são um
elemento importante e significante da família, escola, etc… Precisam de se
sentir precisas e úteis e que têm um papel a desempenhar.
A auto-estima e Auto valorização
positivas fazem-se com encorajamento! Como encorajar? Simples…. Compreendendo o
seu ponto de vista! Difícil? É só uma questão de prática…
Uma vez que as crianças se sintam
compreendidas, escutadas, estão mais disponíveis e abertas ao diálogo, a pensar
a nossa perspectiva dos acontecimentos e das coisas, cooperando na busca de uma
solução para os problemas. E uma das lições a reter para nós adultos é que,
elas, as crianças, estão sempre mais recetivas a ouvir depois de terem elas
próprias se sentido ouvidas e validadas na sua visão do problema. Vale a pena
pensar nisto.
Analisem se as vossas crianças estão a ser
ouvidas, validadas nos seus problemas, pois tenho a certeza que todos nós
muitas vezes já nos sentimos incompreendidos e creio que reconhecem quais os
sentimentos que em nos desperta(ra)m… Portanto, ouçam as crianças de uma forma
genuína e sincera, façam com que o(s) problema(s) e a sua solução sejam tarefas
que façam crescer e respeitem ambas as partes!
Brígida Henriques
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