quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Compreender a Disciplina Positiva: Ganhar as (às) crianças!



   Como pais/educadores, todos temos dúvidas de como compreender os nossos filhos/educandos, o seu comportamento, em particular, o que nos leva muitas vezes a adotar métodos disciplinares que a longo prazo tornam-se ineficazes e pouco produtivos.
   Interessa-nos então perceber um pouco do comportamento humano em geral, pois enquanto adultos, temos tendência a educar com base na nossa capacidade de controlo, isto é, somos o elo mais forte (supostamente) e atuamos através da punição quando as crianças não fazem aquilo que é esperado (por nós), levando a que estas cresçam com uma auto-estima e valorização pessoal reduzidas.

   Numa parentalidade positiva atuamos de forma a “ganhar” as crianças e não às crianças….Já diz o ditado, se não podes com eles junta-te a eles (não deixa de ter um fundo de verdade). Podemos e devemos trazê-las para o nosso lado de uma forma construtiva, respeitosa e digna (aliás, como com qualquer ser humano ou até animal).

 Quando estabelecemos padrões educativos baseados na sobreposição de força, seja ela física ou psicológica, transmitimos e fazemos sentir nos mais pequenos uma sensação de fracasso, pois sabem que não podem competir connosco, que é uma batalha sempre ganha por nós, o que gera e gerará ao longo da sua infância e até vida adulta um comportamento de passividade e/ou rebeldia aliados a uma auto-estima baixa e sentimentos de desvalorização.

   Mas, hoje em dia falamos tanto de auto-estima e auto valorização, mas o que são realmente?

   Muitas vezes caímos no erro (ou ilusão) de que podemos “dar” auto-estima às nossas crianças e até a nós próprios, criando jogos com estrelinhas de mérito, autocolantes, o que até são técnicas inofensivas e divertidas, mas que em pouco as ajudam a criar e construir a sua auto-estima, correndo o risco que os nossos filhos a façam depender desses mesmos jogos, da avaliação do que os outros e como consequência dos atos e opiniões alheias em vez dos próprios. Podem assim tornar-se seres passivos que vivem para agradar aos outros, pois são estes são o barómetro do seu bem-estar, em vez de serem elas próprias a construir e a decidir a sua forma de estar, os seus sentimentos de amor e valor próprio positivos… Faz-vos sentido?

   Devemos às nossas crianças nada menos do que um ensinamento de como serem avaliadoras delas próprias em vez de dependerem das avaliações/opiniões exteriores. E como fazer tal coisa?

Deixando-as errar, isso mesmo, os erros são belas oportunidades de aprendizagem, pois as crianças (apesar do que muitos pensam) têm a capacidade de pensar por elas próprias e chegar a soluções quando deparadas com problemas. Ao darmos esta oportunidade e a possibilidade de encontrar uma solução, demonstramos que sim, elas podem e conseguem ser resilientes quando deparadas com adversidades que sentem e sentirão ao longo das suas vidas e desenvolvimento. Elas precisam de pensar pelas suas próprias cabeças, experienciarem um sentimento de pertença, que fazem parte e são um elemento importante e significante da família, escola, etc… Precisam de se sentir precisas e úteis e que têm um papel a desempenhar.

    A auto-estima e Auto valorização positivas fazem-se com encorajamento! Como encorajar? Simples…. Compreendendo o seu ponto de vista! Difícil? É só uma questão de prática…

   Uma vez que as crianças se sintam compreendidas, escutadas, estão mais disponíveis e abertas ao diálogo, a pensar a nossa perspectiva dos acontecimentos e das coisas, cooperando na busca de uma solução para os problemas. E uma das lições a reter para nós adultos é que, elas, as crianças, estão sempre mais recetivas a ouvir depois de terem elas próprias se sentido ouvidas e validadas na sua visão do problema. Vale a pena pensar nisto.

   Analisem se as vossas crianças estão a ser ouvidas, validadas nos seus problemas, pois tenho a certeza que todos nós muitas vezes já nos sentimos incompreendidos e creio que reconhecem quais os sentimentos que em nos desperta(ra)m… Portanto, ouçam as crianças de uma forma genuína e sincera, façam com que o(s) problema(s) e a sua solução sejam tarefas que façam crescer e respeitem ambas as partes!

Brígida Henriques




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