
Outra questão: Será que os nossos
pais nos ouviam quando éramos crianças? Antigamente, as crianças eram mais vistas
que ouvidas. Porém, isto não quer dizer que tenhamos tido, propriamente, uma má
educação.
A Humanidade
está em constante desenvolvimento, e assim estão também as sociedades, a
família, as formas de educar, etc. O que consideramos melhor hoje, advém de uma
aprendizagem com o ontem, e certamente que amanhã, os nossos filhos encontrarão
outras respostas para os nossos netos.
Uma das causas
é o de a maioria dos países estarem a viver um aumento médio de Q.I., que por
si só é já a indicação de que o que será exigido amanhã, será sempre mais do
que hoje.
Tal como os
nossos pais aprenderam que os seus filhos teriam um melhor futuro com mais
educação, nós adicionamos a esta educação escolar, mais algumas aptidões sociais
e um sentido de proteção maior.
Em suma, a
melhor forma de aprendermos a ser bons pais, que é sem dúvida a função mais
importante das nossas vidas pessoais, é precisamente nos lembrarmos da nossa
própria infância. E assim, evoluímos.
Contudo,
existem certas coisas que não mudaram muito e um bom exemplo é o de as
crianças aprenderem por imitação, normalmente, através das relações mais
próximas.
Então, se não lhes é mostrada a
capacidade de ouvir, muito provavelmente, elas não irão conseguir fazê-lo.
Infelizmente, e para muitos,
também não foi ensinado esta grande capacidade individual que é saber ouvir
para ser ouvido. Muito provavelmente porque aos nossos pais nem faziam a ideia de uma criança ter a necessidade
de ser ouvida. Compreensível!
É por isso uma competência que
terá de aprender agora e que tanto melhorará a sua experiência como individuo
como estará a motivar a criança a pratica-la no futuro de uma forma normal e espontânea.
Ouvir é a principal técnica do
diálogo.
Para poder conversar, ou seja,
ouvir e ser ouvido, é necessário que ambas as partes estejam dispostas a
colaborar. Tratando-se de crianças, o usual será não existir uma predisposição
para ouvir da parte das mesmas, uma vez que menorizadas por todo um conjunto de
circunstâncias, tal como a sua inexperiência e até mesmo altura física, o seu
instinto será de expor imediatamente tudo o que se passa nas suas cabecinhas
como forma de libertar essas mesmas frustrações.
Esta condição passa-nos a
responsabilidade de, como adultos, sermos os primeiros a dar os passos certos para
um bom entendimento:
- Respire, inspire e motive-se a ouvir. Conte até dez, se achar prático! Tente não levar o assunto pessoalmente. Desta forma estará de antemão a se proteger de eventuais provocações, como a não perder o objetivo da conversa.
- Coloque-se no mesmo campo de visão que a criança, de modo a ter uma posição física idêntica e poder mostrar que estão no mesmo grau de audição. Isto vai permitir quebrar a diferença de altura ou sentimento de inferioridade, assim como dar razão a que não hajam motivos para levantar a voz.
- Deixe ser a criança a falar primeiro. Tenha presente que não será ouvido até que a criança perceba que está a ter a devida atenção.
- Bom é saber calar até ser tempo de falar. Se estiver sempre a interromper, a criança não quererá perder o jogo e fôlego não lhe falta. Quando ela própria se acalmar e tomar a iniciativa de se calar, gentilmente, afirme que chegou a vez de você falar e do quanto gostaria que ela ouvisse o que tem para dizer.
- Se for para falar, faça perguntas. Tente direcionar as respostas da criança ao seu objetivo, até mesmo antes de conclui-lo. Assim ela se sentirá parte da solução e mais facilmente ela irá perceber o que tem para lhe dizer.
- Saber ouvir mais do que as palavras. Não é fácil chamar à atenção alguém que não pára de pular ou que muda de um tema para o outro no mesmo instante. Mas, mais uma vez, tente não se deixar levar por irritações. Algumas vezes, pode ser o caso da criança até nem ter nada em mente para dizer e apenas querer que lhe dê alguns minutos do seu interesse. Tão simples quanto isso.
Para além de
ouvir, temos que ter em conta a nossa atitude em relação à criança. Por exemplo, uma posição altiva e autoritária é desrespeitadora e desigual. Quanto mais
respeito e empatia lhes transmitirmos, mais consideração terão por nós. Só assim existirá
uma comunicação pacifica, educada e produtiva.
E para que não
nos estejamos sempre a repetir, aquando uma determinada situação, devemos:
1.
Esclarecer:
Use perguntas que facilitem a sua resposta.
– Porque achas que isto aconteceu? Lembraste como resolvemos isto da última
vez? Como é que costumamos fazer aqui em casa? O que é que precisamos de levar se lá fora estiver frio? – Deixar que seja a criança a
responder irá ajudá-la a recordar-se da sua própria experiência para solucionar
determinado problema, seja agora ou no futuro.
2.
Verificação:
Empregue as palavras da criança – Deixa ver
se percebi, o que disseste foi…; Estou a perceber! - Dê a oportunidade à
criança de ouvir as suas próprias palavras na boca de outra pessoa. Demonstre
que compreende o seu ponto de vista. Desta forma ao mesmo tempo que estará a
enaltecer o discurso da criança, estará também a aperfeiçoar a sua capacidade
comunicativa.
3. Reflexão:
Faça a criança pensar sobre o que foi discutido.
– Vamos ter mais cuidado de agora em diante! Para a próxima já sabemos como
fazer! Muito bem, vejo que estás a crescer e a ficar responsável!
Por isso, se um
dia já avisamos à criança que não deveria fazer determinada coisa, que já
dissemos tantas vezes que existem regras para cumprir e não há forma de as
fazer entender…talvez o problema esteja na nossa forma de expressar, ou talvez
sejamos nós que não estaremos a ouvir.
Nós nem imaginamos o quanto ainda podemos aprender connosco próprios e melhor ainda, com as crianças!
Jenny da Silva.
Muito bom!
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